Quantas pessoas podem ser impactadas com o uso da Inteligência Artificial na saúde?
Ao longo das últimas décadas, a inteligência artificial emergiu como uma das inovações mais promissoras na área da saúde, gerando intensos debates sobre seu impacto e, principalmente, a respeito do grau de confiabilidade das previsões realizadas por algoritmos. Com o avanço do machine learning e o aprimoramento da nossa compreensão sobre IA, abre-se um leque de possibilidades para explorar ainda mais seu potencial, tanto para impulsionar avanços na medicina quanto para promover benefícios significativos à humanidade.
Principalmente na medicina, a IA preditiva, um ramo da inteligência artificial que utiliza algoritmos e modelos estatísticos para analisar dados históricos e identificar padrões, tem se mostrado essencial para prever a ocorrência de doenças e viabilizar tratamentos personalizados às necessidades individuais das pessoas. Isso não apenas melhora o prognóstico do paciente, como também diminui a jornada do paciente no ambiente hospitalar e otimiza os recursos do sistema público de saúde.
Integrando a IA na área da saúde
Se utilizada de maneira estratégica, a inteligência artificial possui o poder de impactar milhões de vidas, tanto diretamente quanto indiretamente. Sua capacidade de processar grandes volumes de dados em tempo real acelera descobertas científicas e gera insights que, de outra forma, poderiam levar décadas para serem alcançados.
A integração da inteligência artificial na medicina potencializa a expertise dos profissionais da área, oferecendo ferramentas que ampliam sua capacidade de análise, predição e tomada de decisão. Além disso, a IA também pode apoiar a equipe médica a identificar padrões e antecipar riscos de forma mais segura e eficaz. Contudo, é importante destacar que a tecnologia não substitui a habilidade clínica nem o julgamento humano, mas atua como um apoio que complementa a experiência da equipe médica para uma tomada de decisão mais assertiva, contribuindo para melhorar a qualidade do atendimento ao longo da jornada do paciente.
Quantas pessoas podem ser impactadas com o uso da IA na saúde?
Uma das principais formas de avaliar o potencial da ferramenta é analisando quantas pessoas podem ser impactadas positivamente pela tecnologia e qual a profundidade desse impacto. Um dos aspectos mais significativos da aplicabilidade da IA é sua capacidade de promover melhorias em larga escala, principalmente na saúde pública.
A desigualdade no acesso a cuidados médicos de qualidade é um dos maiores desafios enfrentados atualmente pelo sistema público de saúde, e a inteligência artificial tem o potencial de mitigar essas disparidades de forma significativa. Ao disponibilizar cuidados médicos e assistenciais em áreas remotas, onde a presença de especialistas é limitada, a IA pode promover maior equidade de acesso, viabilizando a realização de exames para populações que, historicamente, enfrentam limitações geográficas, como aquelas em regiões isoladas e comunidades ribeirinhas.
Por meio de recursos tecnológicos como telemedicina e monitoramento remoto de saúde, a IA permite que essas populações tenham acesso a cuidados essenciais e de qualidade sem a necessidade de longos deslocamentos e custos elevados. Um exemplo dessa aplicação é o Programa OpenCare 5G Telerradiologia, idealizado pelo InovaHC, em parceria com o Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da FMUSP (InRad).
Este projeto, que viabilizou diagnósticos clínicos à distância para pacientes residentes do Parque Nacional do Xingu, demonstrou como a tecnologia pode ser uma aliada fundamental para minimizar a desigualdade de acesso ao propor soluções inovadoras que levam cuidados especializados em regiões que, de outra forma, estariam desassistidas.
“Detectar complicações e intervir rapidamente, mesmo quando não há a possibilidade de acesso imediato ao ambiente hospitalar, melhora significativamente o sucesso da operação e o quadro clínico dos pacientes”, afirma o Dr. Bruno Garcia, Coordenador Médico da Unidade de TMO e Terapia Celular do Hospital das Clínicas.
Outro aspecto importante é que a IA pode impactar de maneira muito positiva a vida de milhares de pacientes com doenças crônicas ou raras, cujos diagnósticos demoram a ser concluídos. Por meio de análise de grande volume de dados, a IA pode acelerar a detecção de padrões e possibilitar diagnósticos mais precisos, além de apoiar no tratamento personalizado e em intervenções médicas adequadas. Um exemplo disso é o Programa In.Pulse Covid Longa, desenvolvido em parceria entre o Núcleo de Inovação Tecnológica do Hospital das Clínicas da FMUSP (InovaHC) e o Laboratório de Inovação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID Lab). Essa iniciativa promoveu o desenvolvimento de soluções tecnológicas inovadoras para apoiar os profissionais de saúde na compreensão do quadro clínico da Covid Longa e no desenvolvimento de tratamentos mais eficazes para pacientes com sintomas pós-Covid.
Resultados de impacto
São diversos os cases de sucesso onde o InovaHC utilizou a tecnologia para transformar desafios em saúde em oportunidades de inovação na área da saúde. Cada vez mais, a IA se destaca como uma ferramenta poderosa na personalização de tratamentos, promovendo uma medicina mais integrada e centrada no paciente. Com essa tecnologia, é possível tratar doenças complexas de forma mais eficaz, além de prever como cada indivíduo responderá a diferentes terapias e tratamentos. Esse avanço contínuo da IA contribui para um cuidado mais preciso e humano, com um potencial transformador que pode colaborar para salvar incontáveis vidas.