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Profissionais da linha de frente na área da saúde: como transformar desafios em inovação?

10/07/2024 | Janaina Marsolla

Com base no último censo da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em colaboração com o Ministério da Saúde, constatou-se que menos de um terço da população possui assistência médica particular. Essa informação revela que uma parcela superior a 60% dos cidadãos, ou seja, mais de 120 milhões de pessoas, dependem exclusivamente dos serviços oferecidos pela rede pública. 

O estudo também indica que diagnósticos clínicos, tratamento de doenças e práticas de gestão da saúde cotidiana, tais como vacinação, prevenção e check-up, destacam-se como os principais motivos de procura pelos serviços estatais. Além disso, a pesquisa revelou uma correlação significativa entre a faixa salarial e a dependência do acesso à rede pública para adquirir medicamentos, observando-se um aumento proporcional no número de pacientes à medida que a renda per capita diminui. 

Mesmo ao longo desses anos, dados recentes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) continuam reforçando que a maioria dos brasileiros depende significativamente dos serviços públicos de saúde. De acordo com seu relatório de março de 2024, apenas 25,13% da população nacional é beneficiária de assistência médica privada.

 

Necessidades do sistema público de saúde 

Apesar de contar com um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública do mundo, o Brasil enfrenta obstáculos que desafiam sua eficácia e capacidade de promover acessibilidade em todo o território nacional. Disparidades sociais, barreiras geográficas e escassez de recursos, tanto em termos de infraestrutura e tecnologia quanto de profissionais especializados, são desafios que precisam ser superados constantemente para assegurar sua equidade e inclusão. 

Diante da constante busca por melhorias para garantir o direito à saúde de toda a população, o país tem a intenção – e a necessidade – de alavancar seus esforços em criação e desenvolvimento de inovações tecnológicas, visando aprimorar sua eficiência, enquanto reduz custos operacionais e obtém melhores resultados. 

“Em 2021, o Brasil gastou uma quantia significativa de 20 bilhões de dólares em importações de tecnologia na área da saúde”, afirma Carlos Gadelha – economista, pesquisador e coordenador científico do CEE-Fiocruz. 

 

Profissionais da linha de frente podem transformar desafios em oportunidades?

O Hospital das Clínicas da FMUSP, que é um dos maiores complexos hospitalares da América Latina têm desempenhado um papel fundamental no fomento à inovação. Com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento de soluções voltadas para atender às demandas de saúde pública, seu Núcleo de Inovação Tecnológica – InovaHC, idealizou o Programa In.cube. Uma iniciativa de capacitação e apoio à inovação para intraempreendedores que tenham ideias e projetos iniciais de inovação em saúde.

Entre os principais objetivos do Programa In.cube destaca-se a oportunidade de envolver os profissionais da linha de frente – desde médicos e especialistas até técnicos de enfermagem, auxiliares de laboratório, psicólogos e equipes de apoio. Esta expertise única, oriunda do contato direto com os pacientes, pode transformar desafios cotidianos em poderosas oportunidades de impacto e fazer a diferença na vida de milhares de pessoas. 

Desde a identificação de oportunidades de melhoria, onde os procedimentos clínicos não atendem adequadamente às necessidades dos pacientes, até a adaptação de soluções para superar dificuldades rotineiras, os profissionais da linha de frente são cruciais para colaborar com a evolução contínua do sistema de saúde, contribuindo com o desenvolvimento de alternativas, diagnósticos e tratamentos centrados no indivíduo.

Com inscrições para 5ª edição programada para agosto de 2024, o programa é estruturado em quatro rodadas distribuídas ao longo de oito meses. Seus números já contabilizam 199 projetos inscritos, 72 projetos selecionados, 66 tecnologias apoiadas pela iniciativa, 732 pessoas capacitadas, 17 soluções com interesse de investimento e 5 projetos em fase de investimento. 

O Programa In.cube oferece amplo suporte aos participantes em todas as fases de seus projetos, desde a validação do problema e a maturação da ideia até a construção de protótipos iniciais para testagem. Além disso, proporciona um ambiente seguro para conexão com os diversos atores do ecossistema de inovação, permitindo que profissionais da linha de frente co-criem suas soluções com a comunidade científica e graduandos.

Nos últimos anos, o Brasil tem demonstrado um crescimento acelerado no desenvolvimento de inovação para ampliar o alcance dos serviços em saúde pública. Esta iniciativa do HCFMUSP, que promove um espaço multidisciplinar para fortalecer ainda mais a cooperação entre diferentes setores, visa não apenas promover maior acessibilidade, mas também eliminar obstáculos para assegurar o bem-estar e a qualidade de vida da população, consolidando um avanço significativo na melhoria contínua dos serviços de saúde no país.

Se você é profissional da saúde, de pesquisa científica ou estudante e deseja aprender mais sobre o ecossistema de inovação na saúde pública, bem como desenvolver processos, produtos, serviços ou negócios no setor, clique aqui para conferir o regulamento e saber mais sobre como participar da 5ª edição do Programa In.cube.

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