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Como a tecnologia pode promover o acesso à saúde em comunidades remotas?

05/06/2024

Situado no estado do Mato Grosso, o Parque Nacional do Xingu desempenha um papel fundamental na conservação ambiental e na biodiversidade do Brasil. Lar de uma ampla variedade de ecossistemas, que incluem desde florestas tropicais até savanas, a região é crucial para a proteção das culturas indígenas e para o cultivo de seus saberes ancestrais. 

Embora caracterizado por sua riqueza de biomas, sua vasta extensão territorial também é lar de diversas comunidades remotas e isoladas, principalmente indígenas, que enfrentam desafios diários relacionados à escassez de recursos básicos essenciais, como a dificuldade em acessar os serviços públicos que garantem saúde de qualidade e bem-estar à população brasileira.

A inacessibilidade geográfica desta área e sua infraestrutura precária, com meios de transporte limitados, não só elevam os custos operacionais para acessar os vilarejos da região, pois envolvem aluguel de aeronaves ou barcos, dependendo das condições climáticas sazonais, como também aumentam barreiras para que profissionais da saúde e de áreas correlatas alcancem essas comunidades.

Na região amazônica reside o maior número absoluto de povos indígenas do Brasil, e a carência de recursos médicos representa uma ameaça à vida de milhares de residentes locais. Por conta disso, historicamente, as comunidades indígenas do Parque do Xingu precisam percorrer grandes distâncias, a fim de obter assistência em cidades maiores ou em grandes centros urbanos. 

Por consequência deste cenário, muitas mulheres grávidas residentes desta área não recebem o atendimento pré-natal adequado, que permitiria maior proteção e segurança para sua saúde ao longo do processo de gestação. Enquanto o Sistema Único de Saúde no Brasil (SUS) recomenda que sejam realizadas no mínimo seis consultas durante o pré-natal, as gestantes do Parque Nacional do Xingu realizam apenas 2,35 consultas em média durante este período. 

 

Iniciativa de inovação aberta: OpenCare5G Telerradiologia

Como forma de promover uma resposta imediata aos desafios enfrentados pelas comunidades do Parque Nacional do Xingu, em 2024, o InovaHC, junto ao Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da FMUSP, desenvolveu o projeto OpenCare5G Telerradiologia, que contou com parceiros importantes do setor privado para viabilizar o co-desenvolvimento tecnológico e impulsionar soluções inovadoras no setor.

Entre os principais objetivos do programa, destaca-se a resolução para mitigar a desigualdade de acesso ao Sistema Único de Saúde, decorrente da escassez de recursos e da carência de médicos radiologistas em áreas remotas. A iniciativa contou com diversos parceiros do setor privado que contribuíram para a co-criação dessa solução; desde a pesquisa e o incentivo do uso da tecnologia 5G na área da saúde, até a arquitetura de dados e soluções de OpenRAN. Durante sua fase inicial, o projeto piloto foi testado em ambiente real, no Alto Xingu, Mato Grosso e, agora, já conta com sua expansão em andamento..

Durante sua fase piloto, foram promovidas capacitações técnicas da comunidade local para operar equipamentos portáteis conectados via 5G a salas de controle, onde as imagens eram transmitidas e atualizadas em tempo real. Através da telerradiologia e da conexão via 5G, a comunidade médico-científica residente do HCFMUSP pôde avaliar e promover diagnóstico clínico à distância para os pacientes residentes do Parque Nacional do Xingu.

 

Conexão via 5G para democratizar o acesso à assistência médica

O Hospital das Clínicas de São Paulo está ativamente monitorando e avaliando os impactos do avanço do 5G no cenário da saúde, e reconhece seu potencial de transformação. A construção colaborativa do projeto OpenCare5G visa responder aos desafios que abrangem desde a necessidade de aumentar o acesso aos recursos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e reduzir filas para a realização de exames, até a otimização do esforço operacional, facilitado por meio da conexão avançada e privada, ou seja, sem que houvesse concorrência de tráfego com usuário final. 

Esta iniciativa de inovação aberta visa integrar a tecnologia como um elemento estratégico no desenvolvimento econômico sustentável do país, revolucionando a maneira como os serviços públicos e acesso aos cuidados médicos são disponibilizados à sociedade. Desde o monitoramento remoto de pacientes e teleconsultas, que promovem o acesso à assistência médica em comunidades isoladas, até a integração de dispositivos médicos eletrônicos conectados por meio de tecnologia avançada, e a análise de dados para promover tratamentos mais direcionados, a conexão via 5G tem desempenhado um papel crucial na transformação da prestação desses serviços a toda a população brasileira.

Este processo reforça a necessidade de incentivo à adoção de novas tecnologias para continuar promovendo maior acessibilidade aos serviços públicos, aumentando não apenas a eficiência e assertividade de diagnósticos e tratamentos, mas também reduzindo barreiras geográficas e democratizando o acesso à saúde para todas as pessoas.

Confira os detalhes do projeto piloto OpenCare 5G, implementado no Parque Nacional do Xingu, que integrou saberes ancestrais, tecnologia e inovação para promover o acesso à saúde em comunidades remotas. Clique aqui para saber mais.

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